Ídolo do Flamengo e um dos destaques da Copa América de 2004, Adriano Leite Ribeiro, o Adriano Imperador, dificilmente fala com a mídia e nos últimos anos sempre se manteve recluso. Recentemente, porém, o ex-jogador resolveu assumir sua própria narrativa e lançou nesta quinta-feira, 21, na Paramount+ um documentário dividido em três episódios falando sobre temas difíceis de sua carreira, como saúde mental, a morte do pai e denúncias de envolvimento com o tráfico de drogas na favela da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro.

Na última terça, 19, em uma das poucas oportunidades em que o craque falou com a imprensa, Adriano Imperador comentou sobre a dificuldade que teve para se abrir para o documentário e destacou um fato bem importante da sua trajetória ignorado há quase 20 anos: a sua saúde mental. Naquela época, o rendimento do jogador foi severamente prejudicado após o falecimento do pai e mentor, Almir Leite Ribeiro. Alvo de matérias negativas e até de piadas, o craque não soube lidar com as críticas e sucumbiu ao consumo de álcool e o abandono do futebol. Para o jogador, seu caso teria sido melhor retratado na mídia nos dias de hoje devido ao maior entendimento da importância da saúde mental.

“Na minha época, era mais pesado o julgamento”, afirmou. “Não era tratado como ser humano”.

Em um trecho do documentário, Adriano relembra quando ele abandonou um treino na Inter de Milão e retornou ao Brasil sem comunicar a ninguém depois da a notícia da morte do pai para cuidar da sua saúde mental.

“Eu não estava com a cabeça legal. Larguei mão de muito dinheiro. Foi a melhor decisão que pude tomar no momento. As pessoas não aceitavam e eu era mal compreendido. Isso não me importava. Importava o que eu estava sentido. Voltar para a favela me reconectou com tudo”

A série, embora chapa branca, mostra vídeos inéditos da infância do jogador, feitos por um tio que havia comprado uma filmadora. Nas cenas é possível ver o ritmo dos treinamentos na favela e depois as dificuldades que ele enfrentava para sair da Penha para ir até a Gávea treinar no Flamengo. Narrada pelo próprio Adriano Imperador, o documentário mostra o período que Adriano morou na Itália e da ajuda que o jogador Ronaldo Fenômeno deu para ele no início da carreira. Além do fenômeno, também foram entrevistados a mãe do atleta, Rosilda, amigos próximos da Vila Cruzeiro e atletas como Aloísio Chulapa, Petkovic, Léo Moura e Javier Zanetti.

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Para o futuro, o ex-jogador descartou a hipótese de trabalhar como técnico ou como comentarista esportivo e comentou preferir ficar afastado da rotina esportiva. Em breve, o craque deverá lançar também uma autobiografia, escrita em parceria com o repórter esportivo Ulisses Neto. O jornalista, que mora em Londres, escreveu, em maio do ano passado, um longo perfil do ídolo, com passagens por times italianos, como Internazionale e Parma, para a revista The Player’s Tribune. O livro deverá der publicado pela editora espanhola Planeta, que distribuirá o livro nos mais de vinte países onde ela atua, além de licenciamentos para outras editoras em todo o mundo. Bem otimista com o sucesso da obra, a editora prevê, apenas no Brasil, uma tiragem inicial de 50.000 cópias.

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